"Espero sair em uma turnê como esta algum dia"
René Rutten nasceu no dia 2 de julho de 1972 na cidade de Nijmegen, na Holanda. Sua paixão pela música era dividida com seu irmão, Hans Rutten, cada qual com seu instrumento musical favorito: René com a guitarra e Hans com a bateria. Essa parceria que nasceu em casa fez surgir uma das bandas mais expressivas e pioneiras do mundo do rock: The Gathering. Em entrevista exclusiva ao Anneke van Giersbergen Brasil, dividida em duas partes, René nos conta um pouco sobre o show comemorativo de 25 anos da banda, que reuniu integrantes novos e antigos de todas as gerações do The Gathering. Na segunda parte, René nos conta algumas curiosidades, como quando conheceu Anneke van Giersbergen para os vocais e como escolherem Silje Wergeland para substituí-la. Também comenta um pouco sobre o atual hiato da banda e projetos futuros.
Os shows de 25 anos do The Gathering foram um dos maiores eventos da cena do rock em 2014. Como surgiu a ideia desta celebração? Convidar todos os ex-membros sempre foi parte da ideia original do evento?
RENÉ RUTTEN - Sim, a ideia era trabalhar com todos os membros da banda dos últimos 25 anos. Nós ainda mantínhamos contato com todos eles.
Para você, qual foi o ponto alto dessa reunião?
RENÉ - O ponto alto para mim foi ver todos os membros da banda no palco e em todo o concerto, e tocar as músicas para os fãs... Nós nunca poderíamos imaginar que tantas pessoas viriam para assistir ao show...
É perceptível a emoção que todos os membros e ex-membros sentiram nesses dois shows, e isso é transmitido pelo álbum perfeitamente. Esta reunião deixou na banda um gostinho de "queremos mais"? Vocês chegaram a falar sobre a chance de uma turnê ou algo assim?
RENÉ – Sim, nós gostaríamos de fazer isso! Mas nem todos os 'velhos' membros da banda queriam, porque eles têm seus próprios planos. Espero que possamos sair em uma turnê como esta algum dia...
Definir o setlist de uma banda com 25 anos de carreira e 11 álbuns de estúdio lançados não é fácil, além de ser uma tarefa extremamente desafiadora, com certeza. Como foi o processo de escolha do setlist do show? A seleção foi feita em conjunto com os ex-membros?
RENÉ – Sim, o único problema que tivemos foi para ensaiar as 'velhas' canções, como iríamos tocar... Tudo foi como um grande quebra-cabeça, Mas ficamos todos muito felizes com as músicas que tocamos.
No álbum 'TG25: Live at Doornroosje', a canção "All You Are" foi removida. Você poderia revelar por que essa música foi escolhida para ser fora do álbum?
ANNEKE - Em ambos os shows houve um problema nas gravações e não poderíamos corrigí-lo, então é por isso que não está na gravação.
Sabemos que o show não foi filmado profissionalmente e compreendemos as razões para isso. Mas, ao mesmo tempo, percebemos que muitos fãs filmaram os shows com câmeras amadoras. Existe alguma intenção ou vocês já consideraram o lançamento de um videoclipe usando as gravações dos fãs como um vídeo oficial, como muitas bandas têm feito em todo o mundo?
RENÉ - Boa ideia! Mas eu acho que já há alguns vídeos por aí, com nossas gravações de áudio editados com os vídeos, por isso já há, mas não 'oficial', lançado por nós.
Como era o relacionamento da banda com os ex-vocalistas? Mantiveram o contato com eles ou houve uma separação completa durante um determinado período? Como foi essa retomada de contato?
RENÉ – Nós sempre tivemos algum contato com os ex-membros da banda, por isso não foi problema contatá-los e perguntar se topavam essa ideia. E já tivemos alguns encontros antes...
"Nós provamos que eles estavam errados"
A banda tem 25 anos de muitas histórias e eras. Toda a banda é incrivelmente talentosa, mas uma das coisas que mais chamaram a atenção da mídia e do público a respeito do The Gathering foi o pioneirismo de trazer uma mulher aos vocais principais e composições, algo não muito comum na década de 90. Como você vê isso? Como surgiu a ideia de convidar Marike para os vocais da banda? E depois, Anneke, para ser a única cantora e compositora?
RENÉ - Nós apenas assumimos o risco de fazer isso! O mesmo aconteceu sobre usarmos teclados ao vivo no palco, até porque no início muitas pessoas não gostaram, mas às vezes você só precisa fazer o que você acha que é o melhor e o que você mais gosta de fazer. Mesmo que "outros" tenham dito que isso era estúpido de se fazer ou um risco de fazer por que os fãs não iriam gostar, nós provamos que eles estavam errados ;)
Para algumas bandas e artistas que surgiram a partir deste movimento conhecido como "female fronted", como Nightwish, Nemesea, Stream of Passion, Devin Townsend, Mark Jansen, Tarja Turunen, Simone Simons, Floor Jansen e tantos outros, The Gathering é mencionado como inspiração para suas carreiras. Como você se sente sendo o criador de uma banda que inspirou o surgimento de tantas outras?
RENÉ – Para mim é um sentimento muito bom, e é esquisito que tantas pessoas 'mudaram' o rock/gótico e fomos um dos primeiros a fazer isso, e muitos seguiram... Espero que haja algo "novo" de novo na indústria da música e não apenas imitadores.
Anneke van Giersbergen, como sabemos, é uma cantora, compositora e instrumentista incrível que acrescentou muito e por muito tempo à banda, e vice-versa. Como vocês conheceram Anneke? E quais são os melhores momentos que você pode destacar da "era" dela na banda?
RENÉ - A primeira vez que vi Anneke ela estava tocando em um pub onde eu estava trabalhando, e nós simplesmente perguntamos se ela gostaria de tocar com a gente... Nada demais, apenas assim... E com a canção "Strange Machines" abrimos todas as portas dentro e fora da Holanda.
Ao substituir Anneke, vocêS não optaram por realizar competições ou pedir materiais, vocês optaram por um processo interno. Assim, como vocês conheceram a incrivelmente talentosa Silje Wergeland e como vocês se convenceram de que ela seria a substituta ideal?
RENÉ - Depois que Anneke nos deixou, nós recebemos muitas 'demos' de artistas de todo o mundo e nós simplesmeste adoramos o que Silje fez mais tarde em algumas músicas "demo" para nós, e é incrível trabalhar com ela.
Sabemos que a banda nunca se prendeu a um único estilo e a cada álbum inovou nesse sentido, sentindo-se livre para seguir a direção que vocês estavam desejando naquele momento. Ouvindo o mais recente álbum de estúdio lançado (Afterwords), esta mudança foi muito mais evidente do que em álbuns anteriores, tendendo mais para um estilo eletrônico. Como foi o processo de criação e desenvolvimento deste álbum?
RENÉ - Ele apenas aconteceu, nós conversamos muito sobre o que fazer agora... Qual é a música que nós gostamos de ouvir agora, e como tudo na vida muda o nosso modo de composição e gravação também está mudando, e nós simplesmente não gostamos de repetir ou copiar-nos a nós mesmos.
Vamos ver se você consegue responder a esta pergunta: Na sua opinião qual foi o melhor álbum e a melhor música feitos pelo The Gathering até hoje? Por quê?
RENÉ - Isso é difícil de dizer, eu amo cada álbum que fizemos e o tempo que trabalhamos com eles. Alguns são mais especiais do que outros, mas canções como Travel, Heroes for Ghosts e I Can See Four Miles são canções que se destacam quando tocamos ao vivo.
The Gathering está atualmente em hiato. Os membros atuais já pensaram em voltar? Será que os fãs têm que esperar um pouco mais? Ou eles [nós] podem começar a ir se aquecendo para algumas boas notícias? Quais são os planos para o futuro?
RENÉ - Bem ... Eu posso dizer que eu estou trabalhando em um novo projeto, mas o que é isso...? ;)
The Gathering é uma banda que formou gerações com seus 25 anos de música e inspiração. A partir desses 25 anos de história, quais são os momentos mais importantes? Por quê?
RENÉ - Todos os momentos são importantes, mesmo os menores, mas para mim tocar em todo o mundo e escrever músicas que podem tocar os corações de tantas pessoas é simplesmente mágico e uma grande sensação para mim. Enquanto eu viver eu gostaria de fazer isso.
René, foi um prazer falar com você! Muito obrigado para nós responder nesta entrevista e esperamos que, muito em breve, ser capaz de ver The Gathering tocar ao vivo no Brasil. Gostaria de enviar alguma mensagem para os brasileiros fãs da banda?
RENÉ - Sim, eu espero que nós toquemos em breve novamente no Brasil e fiquem em paz! ❖
